27.2.18

27-02

E lá veio a conversa de se mudar para cá, tinha de saber, para procurar apartamento ou não.

Ainda não disse a ninguém cá em casa, disse eu, e é difícil para mim abordar o assunto. Aliás devias estar aqui, para falar-mos os dois.

Não, não isso é um assunto que tens de ser tu...

Pois claro, da outra vez, eu é que tive de aguentar o tranco sozinha.

O quê?

Quando eu tive de lhe dizer que te ias embora, porque deixaste de gostar de mim, ela desatou a chorar, um choro compulsivo que só passou quando adormeceu...agarrou-se a mim a dizer que pensava que era para sempre...e chorou até adormecer... Eu não estava à espera desta reacção, e limitei-me a abraça-la e a dizer que ele continuava amigo dela e se precisasse dele era só telefonar...

E, nos três meses seguintes, ela baixou as notas e eu, no meio da minha culpa sempre imensa, pensei mesmo que teria sido dessa noite e de alguma tristeza que teria ficado, mas passado este tempo todo, vejo que é sempre assim todos os primeiros períodos lectivos.

No entanto, não sei como sobrevivemos esses 3 meses, comigo a chorar todas as noites, na cama, sozinha, e ela se calhar a sofrer com a minha falta de paciência, e falta de atenção e falta de mim...

Ele lá concordou, ficou admirado por ela ter chorado assim, não estava a contar e concordou em irmos devagar.

Sei que vai ser um desperdício de dinheiro este contrato de aluguer, mas eu ainda não tive coragem para falar com a minha filha.

Pode ser desculpa, porque se eu fosse sozinha, ele não teria de se preocupar, mudava-se para aqui no fim do mês de março e pronto.

Mas...sei que ela vai aceitar bem, ela não é burra, e tem visto movimentações desde o ano passado, desde a serra. Mas está a custar-me assumir isto tudo perante ela, dizer-lhe somos namorados...

E depois quando um de nós se encher, ficamos sozinhas outra vez, mais uma vez...mas também isso já não me preocupa, sei sobreviver pode custar, mas consigo!

Se calhar estou a usa-la como desculpa, mas não sei mesmo o que fazer, o meu instinto diz-me para ir com calma, mas que ele virá, mais cedo ou mais tarde, sei disso!

Pedi-lhe para não se chatear comigo, mas o que eu queria mesmo dizer era não desistas de mim, por favor, não desistas, deixa-me ir ao meu ritmo, isto vai ou vai indo...

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